Chamada aberta para
artigos – Call for papers
Dossiê: Luto, Sociedade e Contemporaneidade
Dossier: Bereavement, Society, and Contemporaneity
RBSE
Revista Brasileira de Sociologia da Emoção - http://www.cchla.ufpb.br/rbse/
O
dossiê Luto, Sociedade e Contemporaneidade
tem como coordenadores: a Profa Dra Joanneliese de Lucas Freitas (joanneliese@gmail.com), Doutora em Psicologia e
Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal
do Paraná, a Profa Dra Juliana Lopes de Macedo (julianamacedo@unipampa.edu.br) Doutora em Antropologia Social
e Professora do Curso de Medicina da Universidade Federal do Pampa) e o Prof.
Dr. Mauro Guilherme Pinheiro Koury (maurokoury@gmail.com), Doutor em Sociologia e
Professor do curso de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da
Paraíba, e será publicado no volume 18, número 54, de dezembro de 2019, da RBSE Revista Brasileira de Sociologia da Emoção
The dossier Bereavement, Society, and Contemporaneity
has as coordinators: Joanneliese de Lucas Freitas (joanneliese@gmail.com), Ph.D. in
Psychology and Professor of the Graduate Program in Psychology of the Federal
University of Paraná - Brazil; Juliana Lopes de Macedo (julianamacedo@unipampa.edu.br)
Ph.D. in Social Anthropology and Professor of the Undergraduate Medicine at the
Federal University of Pampa – Brazil, and Mauro Guilherme Pinheiro Koury (maurokoury@gmail.com), Ph.D. in
Sociology and Professor of the Graduate Program in Anthropology, Federal
University of Paraíba - Brazil. This dossier will be published in volume 18, number
54, December 2019, of RBSE Brazilian Journal of Sociology of Emotion.
Os
trabalhos devem ser encaminhados para os coordenadores do Dossiê até o dia 31
de agosto de 2019. As contribuições devem estar conforme as NORMAS PARA
PUBLICAÇÃO NA RBSE, encontradas no site da revista http://www.cchla.ufpb.br/rbse/
Papers should be sent to the coordinators of the
Dossier until August 31, 2019. Contributions must comply with the RULES FOR
PUBLICATION IN THE RBSE, found on the website of the journal http://www.cchla.ufpb.br/rbse/
Proposta: Com a morte de
alguém próximo, perdemos um pouco de nós mesmos e não apenas outro alguém, um
ente querido. Perdemos uma vida em conjunto, marcada por uma história em comum.
Com a morte o vínculo se rompe e se transforma, mudando a rotina dos enlutados,
desafiando-os a um novo lugar no mundo e a uma nova configuração de seu grupo
familiar e social, além de, frequentemente, colocar em xeque seus valores e o sentido
da vida, conduzindo a questionamentos sobre a própria existência. De qualquer
modo, é uma experiência que todos nós iremos experimentar, colocando-nos diante
de questões fundamentais sobre quem somos nós e o mundo em que vivemos.
Além de envolver a experiência da morte física, o
processo de luto também pode incluir a morte social do indivíduo, especialmente
quando esse se encontra em um processo de exclusão ou anonimato que representam
a sua invisibilidade social. Esse aspecto pode ser evidenciado em casos
concretos, como em doenças que não possuem perspectiva de cura (HIV/Aids, Zika
vírus, Alzheimer, deficiência física ou intelectual). Tais doenças e
deficiências inserem com frequência pessoas em processos que as marginalizam e contribuem
para que se enlutem de sua vida social; assim como aqueles que fazem (ou
fizeram) parte do seu convívio social também experimentem o luto de seus entes
queridos, antes idealizados.
Cada sociedade e cultura oferecem aos enlutados
sentidos próprios e maneiras de lidar e significar a separação e as mudanças
perpetradas pela irreversibilidade da morte. Paradoxalmente, por ser uma
experiência universal e humana, suas possibilidades expressivas são tão
variadas quanto as sociedades e as culturas, e tão complexas quanto o
sofrimento de qualquer enlutado. Este não é um sofrimento que pode ser
entendido de modo único, portanto não é generalizável, uma vez que cada relação
é única, com seus prazeres, desafios e contradições.
Contemporaneamente, nas sociedades ocidentalizadas,
é cada vez mais frequente e comum a medicalização da vida e dos afetos. Nestes
contextos, o sofrimento e toda a emocionalidade do luto tem se tornado cada vez
menos um problema do cotidiano, mas um problema extraordinário, onde este
sofrimento passa a ser compreendido como sofrimento mental a ser tratado e
superado, quando não esquecido e silenciado. Curiosamente, diante do
fortalecimento da compreensão do luto como tratável por um lado, e com uma
mudança rápida e frenética dos ritos que envolvem a morte e o morrer por outro,
percebe-se nas redes sociais um movimento diametralmente oposto ao
silenciamento medicamentoso: o luto tornou-se mais um produto a ser exposto
sobre esse eu que sofre, se reconfigura e supera. Como a vestimenta
anteriormente nos serviu de signo do enlutamento, hoje, uma fita preta
entrelaçada como perfil nas redes sociais nos comunica como devemos agir
perante o enlutado, embora não saibamos exatamente o que fazer além de oferecer
as condolências usuais.
Neste dossiê pretendemos, precisamente, debater
estas questões. Convidamos pesquisadores, de diferentes áreas disciplinares, a
apresentarem artigos que proponham pensar diversos tipos de enlutamento em suas
diferentes dimensões na contemporaneidade. Aceitamos manuscritos para avaliação
que envolva uma discussão teórica e conceitual original e que acrescentem novos
desenvolvimentos ao estado da arte sobre estes tópicos, bem como estudos
empíricos que tragam novos dados a esta discussão. Serão aceitos artigos em
português, inglês, espanhol e francês.
*
Proposal: When
someone close to us dies, we lost not only someone, or a loved one: we lost a
bit of ourselves. We lost our life together, characterized by a shared history.
Death changes and breaks the connection we have with the deceased, changing the
routine of the mourners, challenging them to occupy a new place in the world
and to deal with a new configuration of their families and social groups.
Besides, the bereaved often have their life values and meanings challenged,
arriving to question their very existence. In any case, bereavement is an
experience that we will all endure, placing us before fundamental questions about
who we are and the world we live.
Besides the
occurrence of physical death, mourning may include experiences like the social
death of the individual, especially when he or she is in the process of
exclusion or anonymity, symbolizing his or her social invisibility. This aspect
can be seen in concrete cases, such as diseases that have no prospect of cure
(HIV/AIDS, Zika virus, Alzheimer's, and physical or intellectual disability).
These diseases and disabilities often are included in means that marginalize
people and contribute to them mourn their social life, as it does to the people
who are (or were) part of their social life also experience the mourning of their
previously idealized loved beings.
Each society and
culture grants mourners with meanings and ways of dealing and signifying the separation
and the vicissitudes perpetrated by the irreversibility of death.
Paradoxically, because bereavement is a universal and human experience, the
possibilities to express grief and bereavement are as diverse as are the
different societies and cultures, and as complex as is the suffering of any
bereaved. Grief is not a pain that could be understood uniquely. Therefore, it
is not generalizable, since each relationship is unique, with its pleasures,
challenges, and contradictions.
Contemporary, in
Westernized societies, the medicalization of life and affections is becoming
more frequent and commonplace. In these contexts, the suffering and all the
emotionality of mourning has become less and less a quotidian problem, but an
extraordinary problem, where this suffering becomes understood as mental
suffering that must be treated and defeated, if not forgotten and silenced.
Curiously, before the strengthening of the understanding of mourning as
treatable on the one hand, and with a rapid and frantic change in the rites
that involve death and dying on the other, it is possible to perceive in social
networks a movement diametrically opposed to drug silencing: mourning has
become one more product about this one that suffers, reconfigures and surpasses
grief to be exposed. As the garment previously served as a sign of the bereavement,
today, a black ribbon intertwined as a profile in social media tells us how to
act before the mourner, although we do not know precisely how to behave,
besides offering the usual condolences.
In this Dossier,
we would like to discuss these concerns. To do so, we invite researchers from
different disciplinary areas to present papers that discuss different kinds of
bereavement, grief, and mourning, in its different dimensions in contemporary
times. We accept to evaluate manuscripts that involve an original theoretical
and conceptual discussion, and that add new developments to state of the art on
these topics, as well as empirical studies that bring new data to this
discussion. We will accept manuscripts in Portuguese, English, Spanish, and
French.
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